terça-feira, 17 de julho de 2012

LENDA ANTIGA

Conta uma lenda muito antiga e romântica, difundida no século XVII, que Ximene, filha do rei Ordonho II de Leão (falecido em 924), desonrada por um cortesão e abandonada pelo sedutor, refugiou-se na aldeia de Menezes onde viveu incógnita como serva de um rico agricultor, Telo Perez, de quem teve dois gêmeos, Afonso Telez e Soeiro Telez. Alguns anos mais tarde, um caçador perdido pediu abrigo ao agricultor. Ximene reconheceu que o caçador era seu pai e para o almoço, preparou uma omelete que era o prato preferido dele, mandando os próprios filhos servirem o prato. As crianças vestiam roupas feitas com partes do tecido da roupa que ela trazia quando fugiu. A jovem colocou na omelete o anel com rubi que o pai outrora lhe presenteara. O hóspede ficou surpreendido ao morder o anel e reconhecer o tecido da roupa das crianças e pediu explicações à jovem. Perdoou a filha, enobreceu o agricultor com o título de 1º Senhor de Menezes e mandou organizar uma grande festa para demonstrar a sua alegria. Por causa desta lenda, os MENEZES, uma das famílias mais poderosas de Espanha e Portugal, modificou desde l65l as armas do escudo, renunciando ao ouro liso e pleno, passando a comportar “ouro com uma sombra de anel ornada de um rubi”. O apelido é de origem castelhana e muitos genealogistas os ligam aos reis de Leão e Galiza (séc. X). Sobrenome de origem espanhola e posteriormente radicado em Portugal. Deriva do nome de MENA (em Burgos na Espanha), na província de Palencia. MENA em espanhol antigo significa “ALMENA“, cada um dos prismas que coroam os muros das antigas fortalezas. Do século XII, há um documento que cita D. TELLO PERES MENEZES, senhor do castelo de MANGALÓN, que em 1168 ingressou na ordem de Santiago e em 1195 ajudou ao rei Alfonso IX a preparar um tratado de paz com Aragón. Nome de raízes toponímicas, tirado da terra desta designação, perto de Cuenca, veio ilustrar uma das mais nobres linhagens da Península, da qual se poderia dizer com verdade, que vinha de reis e os reis dela vinham. Será de referir, a este propósito, que linha primogênita dos Meneses veio a ser representada pela família real de Castela, por causa do casamento da filha herdeira de Dom Afonso Teles de Menezes com o Infante D. Afonso de Molina , irmão de D. Fernando , Rei de Castela, cuja neta e herdeira foi a célebre Rainha de Castela D. Maria de Molina, bisavó de Pedro, o Cruel, Rei de Castela. A linha secundogênita dos Menezes possui o senhorio da Vila de Albuquerque e D. João Afonso Teles de Meneses, que ali mandou construir um castelo , trocou o seu nome pelo de Albuquerque, assim dando origem a nova e nobilíssima linhagem. D. Martim Afonso Telo, que era sobrinho paterno daquele D. João Afonso. teve descendência em Portugal, dentre a qual se destaca o primeiro Conde de Neiva e aquela que, desposando-se com o Rei D. Fernando I, viria a ser a Rainha D. Leonor Teles. De notar que nesta família muito cedo patronímico Teles viria a preservar-se, passando a fazer parte integrante do nome, como se fosse novo apelido. A representação ou chefia deste ramo dos Menezes viria a recair na Casa dos Condes de Castanhede, depois na dos Marqueses de Marialva e, por fim, na dos Duques de Lafões. Em D. Martim de Albuquerque Afonso Teles de Meneses, outro sobrinho de D. Afonso Telo de Albuquerque, se viria a originar a Casa do Menezesque teve os Condados de Viana e de Vila Real, além de Duques de Caminha, uma das mais poderosas que existiu entre finais do Século XIV e meados do XVII, hoje representada pela Casa dos Condes de Povolide. E é de salientar que, embora tivesse tido origem em Espanha, a linhagem dos Meneses aí se extinguiu por completo - apenas voltando a existir através de um ramo que de Portugal regressou a Espanha no Século XVII- tendo , no entanto, atingido o topo máximo da pirâmide nobiliárquica portuguesa.

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